sábado, 15 de junho de 2019

Os Adityas Aryaman e Daksha


Os Adityas – Aryaman e Daksha


               Durante o periodo Védico os Adityas são a personificação dos conceitos morais e éticos, eles nasceram da Grande Deusa Aditi e são 12 ao todo, trabalhando sempre aos pares onde um rege a inter-relação entre os homens e o outro rege a relação entre os homens e as formas da Divindade, ou seja, os Deuses. Após o período Védico estes Adityas passaram à ser identificados como formas do Deus Sol, Surya Deva.

               Aryaman e Daksha correspondem a arte de cultivar relações harmoniosas, acordos e tratados entre ambas as partes envolvidas. Aryaman é o caráter nobre e a elegância entre os homens, ou seja, a habilidade de se mostrar confiável e estabelecer amizades. Daksha é a excelência ritual, a habilidade de interagir com poderosas forças sutis de forma à obter a sua intercessão nos assuntos humanos.

               Ambas as artes são muito providenciais e estratégicas, quem se atreveria à criar desconforto ou praticar uma ofensa (Aparadha) àqueles que lhe são caros ? Seja num acordo comercial, nas relações de trabalho ou na recepção à convidados sempre há regras que visam evitar gaffes e permitem que todos possam se entender claramente mesmo pertencendo à sociedades, culturas ou meios sociais diferentes ou até mesmo que falem línguas diferentes. Em ambiente diplomático ou grandes corporações há funções especificas para cuidar dos detalhes desta interação e um mestre de cerimônias habilidoso é capaz de orientar os anfitriões de forma que tudo corra bem e os objetivos sejam atingidos. Isso é o que os povos Védicos chamavam de Aryaman, a maestria da nobreza e do comportamento adequado, respeitar as normas de Aryaman faz do homem um “Arya” (Ariano), ou seja, um ser humano de valores e comportamentos nobres.

               Os Deuses são Consciências que habitam planos muito mais sutis do que aqueles aos quais os homens estão habituados. Seria uma grande precipitação admitir que eles seguiriam ou apreciariam os mesmos protocolos que regem o comportamento entre os homens. Da mesma forma que regras bem estudadas propiciam um harmonioso contato diplomático há regras especificas para o contato com Inteligências que não possuem corpos físicos. Essas regras permitem que os objetivos sejam atingidos e evitam todo o tipo de percalços que normalmente afligem os afoitos e descuidados que se atrevem à realizar procedimentos rituais. Daksha é esta aptidão e destreza para lidar com Forças e resultados que não podem ser vistos (Adrshya) ou percebidos diretamente. Daksha só gerou filhas mulheres, ou seja, Shaktis – Forças Espirituais e teve a honra de ser o pai da Deusa Suprema quando ela encarnou.

               Tanto a festa oferecida e a recepção aos convidados quanto uma Puja ou qualquer outro ritual são celebrações. Sendo celebrações elas são momentos especiais que devem ser desfrutados com alegria e prazer. Tudo ali foi preparado para ser belo e agradável – a comida que foi feita, o perfume suave, as belas lamparinas e flores …. Quem não ficaria feliz na bela festa de 15 anos de sua filha ou no baile de sua formatura ? Porém, apesar de serem momentos de extrema alegria não deixamos de cumprir um mínimo de protocolo para garantir que todos os presentes possam ter a mesma satisfação. As regras de um ritual (estabelecidas pelo Karma Kanda na India e pela Theurgia Pitagórica no Ocidente) não contradizem a alegria do momento, elas apenas garantem que todos saiam satisfeitos e deixem sua gratidão e bênçãos sobre seus anfitriões.

Nenhum comentário: