segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Postura Ideal


Qual é a melhor postura para fazer uma Puja ou outra disciplina espiritual ?

As disciplinas espirituais (Sadhanas) como a Puja, a cerimonia de fogo (Homa/Havana), a recitação das escrituras (Patha) e outras tem como objetivo estabelecer uma maior afinidade com a força espiritual da Divindade, ou seja, propiciar uma natural e intuitiva identificação onde o ideal Védico de “Tat Tvam Asi” (Tu és aquilo) se manifeste.

Todo este processo de progressiva identificação com a Divindade através da meditação (Dhyana) e do transe místico (Samadhi) é detalhadamente descrito nos Yoga Sutras de Patañjali. Nessa escritura estabelece-se que um dos primeiros passos deste processo é conquistar uma postura estável, ou seja, conquistar um Asana. O Asana deve ser confortável o suficiente para que possa ser mantido pelo tempo necessário sem desestabilizar a mente com dores ou outras aflições do corpo físico.

Algumas Sadhanas, algumas disciplinas espirituais, podem se estender por tempo considerável ...... ninguém quer partir quando está em boa companhia, não é mesmo ? ;)  E quem seria melhor companhia do que o nosso próprio ideal de perfeição e Divindade (Ishta Devata) ? Para desfrutar do privilégio de estar em adoração tanto a mente quanto o corpo devem estar preparados. A escolha de uma postura firme e confortável é muito importante neste sentido. A postura simples de lótus é uma ótima escolha e o devoto pode treinar seu corpo à permanecer nela por períodos cada vez maiores.

Algumas outras posturas são adequadas para disciplinas espirituais (Sadhanas) especificas e outras, por sua vez, são inadequadas. Por exemplo, a postura do cadáver (Shavasana) é usada em algumas Sadhanas Tantricas que são praticadas no campo crematório, esta postura facilita a identificação do iniciado com o alicerce usado nesta prática. A postura de joelhos, muito comum na adoração ocidental, deve ser evitada pois além da instabilidade em mantê-la e do eventual desconforto , ela está associada à uma atitude psicológica de submissão que não combina com o preceito Védico de identificação com a Divindade e seus desígnios. O homem no Dharma não é um mero joguete das forças do destino, ele é atuante na criação de melhores condições para sua vida (Artha) e é um ativo buscador da União com a Divindade (Moksha).


Jaya Maa !  

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

BhagavadGita, Capitulo IX verso 26


Namaste, ou seja, olá. Gostaria de brindá-los com uma tradução literal de um interessante verso da Bhagavad Gita assim como com dois comentários baseados na perspectiva dos Tantras. O primeiro comentário (Tantrika Dipika - Elucidação conforme os Tantras) nos remete a importância da correta ação (Yajña) e, portanto, reafirma o caminho à Divindade através da realização de disciplinas espirituais (Sadhanas). O segundo comentário (Shmashana Bhasha - Conversa de Campo Crematório) é uma prática comum entre os Tantrikos onde conceitos Metafísicos e Teológicos são comentados de maneira jocosa e um tanto debochada DENTRO DE UMA CIRCUNSTANCIA UNICA que acontece durante um rito. Um brinde ! Jaya Maa !


Bhagavad Gita Capitulo IX, Verso 26
पत्रं पुष्पं फलं तोयं यो मे भक्त्या प्रयच्छति।
तदहं भक्त्युपहृतमश्नामि प्रयतात्मनः।।
“ Aquele que, através da devoção, me solicita com um folha, uma flor, uma fruta ou agua, Eu aceito efetivamente, (por estar) encantado pela devoção. “

Tradução palavra por palavra:
 पत्रम् uma folha; पुष्पम् uma flor; फलम् uma fruta; तोयम् água; यः aquele (que); मे à Mim; भक्त्या através de devoção; प्रयच्छति solicita, pede, busca; तत् aquilo (que é pedido); अहम् Eu; भक्त्युपहृतम् encantado, seduzido pela devoção; अश्नामि como, ingiro, aceito; प्रयतात्मन: com espirito efetivo, determinado, efetivamente..

Comentário (Tantrika Dipika):
Neste verso o Senhor Krishna informa que até os menores itens e os mais simples artigos são efetivamente aceitos pela Divindade quando são oferecidas com devoção. Este oferecimento é essencial ao Dharma e é chamado de “Yajña”. Para realizá-lo deve haver: Devata – um ideal à ser atingido, Dravya – um item, algo para ser oferecido, sacrificado, e Mantra – um entendimento racional, expresso por palavras, daquilo que está sendo feito. O Yajña é, portanto, a celebração do dom da vida (através do Devata), do dom da compreensão (através do Mantra) e do dom da opulência (através dos Dravyas). Realizar Yajñas é dever de todo aquele que compreende o Dharma e vive abençoado por ele.

Comentário (Shmashana Bhasha, Kkkkkkk)
Deus não é um “Super Silvio Santos” que sai por aí distribuindo carros do ano e casa própria para aqueles que lhe dão alguma audiência. Essa é uma visão muito mesquinha da Divindade. Nem tampouco afirma o Senhor Krishna que a Divindade deve ser adorada por blá-blá-blá e conversa fiada. Não é sugerido que os ritos e a correta ação sejam abandonados nem quaisquer outras doutrinas obscuras que seriam adequadas apenas á almas preguiçosas. A correta ação baseada na devoção é o caminho sugerido. De que adiantaria o blá-blá-blá da jovem mãe se ela não amamentasse o seu bebê ? De que adiantaria as juras de amor de um homem apaixonado se ele não agradasse sua bela amada ? O culto das palavras vazias, tão comum nas nossas TVs,  é o culto do Marketing e do faz-de-conta e seus sacerdotes são apenas palhaços afetados fingindo devoção em seus templos-picadeiros.





quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Shri Vinayaki

Shri Vinayaki, 

revelada ao centro da Mandala de todas as Deidades Auspiciosas.





Entre as disciplinas espirituais do Tantra há uma particularmente interessante por suas características – ela é praticada tanto por devotos da Mãe Divina em suas Pujas como por Sadhakas iniciados nas suas práticas reservadas, de forma distinta porém obedecendo ao mesmo conceito. Nela percebemos o caráter não-sectário dos Tantras e sua missão de proporcionar Bhukti (Bem Estar no mundo) e Mukti (Liberação Final) aos seus adeptos.

A prática da “Mandala de Todas as Deidades Auspiciosas” (Sarvato BhadraDevata Mandalam) é feita através de uma representação geométrica, ou seja, de um Yantra, onde 57 princípios cósmicos são relembrados, apreciados e reverenciados através de Mantras que nos sintonizam com aqueles principios. O uso de Yantras é muito comum entre as disciplinas espirituais. Neles cada um dos ângulos, das direções e das posições é residência de um aspecto especifico da Divindade que é revelado numa sequencia própria até chegar ao ponto mais profundo onde o Paradigma Central (Devata) ou a Força espiritual (ParaShakti) do Yantra são revelados.

No caso especifico deste Yantra onde o pavilhão de Deidades Auspiciosas (Sarvato BhadraDevata Mandalam) é adorado quem se revela é Shri Vinayaki, a Shakti, ou seja, a Força Espiritual do Senhor Ganesha. Ela é Aquela que garante o sucesso em todos os empreendimentos através da correta conduta (Vinaya). Este tema é recorrente na devoção à Mãe Divina (Shakta Upasana) e aparece também na adoração às Nove Durgas (Nava Durga) que se iniciam com ShailaPutri, o Alicerce bem-estabelecido, e terminam com SiddhiDhatri, Aquela que garante o Sucesso. Lembremos também que o homem santo, o Sadhu, é aquele que foi bem-sucedido em seus esforços para alcançar a Divindade.

Segue link com um pequeno vídeo devocional baseado em Shri Vinayaki. Que ela abençoe todos aqueles que se esforçam em busca da iniciação à adoração à Mãe Divina. Jaya Maa !