sexta-feira, 26 de junho de 2015

Yajña e Meditação









Durante um Yajña, durante uma ação ritual, um dos esforços mais importantes à ser realizado pelo sacerdote, pelo Yajamana, é o da meditação. Dravya, as oferendas e Mantra, aquilo que é recitado representando o Verbo Divino só chegam ao seu destino se uma conexão for estabelecida com o ideal à ser atingido, este ideal é o Devata, a Deidade. Da mesma forma que um dispositivo eletrônico só é ativado se estiver devidamente conectado à bateria, à sua fonte de energia o rito só é propicio se o sacerdote tiver uma idéia clara do objetivo de suas ações.

O Devata, a Deidade, é a grande fonte de energia, ele é o possuidor de Shakti, Força espiritual, e é indistinguível desta. Assim como o Sol é percebido e reconhecido através de seu brilho, o Devata é percebido através de sua Shakti, de sua Força espiritual.

Na escritura Aitareya Brahmana onde os rituais Védicos são explicados, se afirma que o sacerdote Adhvaryu só oferecia as oblações ao fogo sagrado após as recitações do sacerdote Hota. O Hota entoava os Mantras e os Suktams, os hinos Védicos onde a descrição, os atributos e a função do Devata eram relembrados e saudados. Então, ao final dos hinos, o Hota pronunciava o Mantra “Vaushat” que indicava ao Adhvaryu o momento de oferecer as oblações, que lhe respondia com o Mantra da Deidade seguido de “Idam na Mama” – “Isto não é meu, (é da Deidade)”. A fala do Hota, as oblações do Adhvaryu e a renuncia aos itens oferecidos deveriam estar sempre sincronizados. Esta comunhão de ações engrandecia o ritual e o tornava eficaz.

Através da concentração nas características do Ideal á ser atingido e da renuncia aos itens oferecidos estabelece-se uma forte afeição pela Deidade. Ela se torna afetuosa e favorável e, muito embora, seja invisível aos olhos profanos, Ela se manifesta diante da mente do sacerdote e dos adoradores.

Este processo de manter um foco único, concentrar-se e buscar uma profunda contemplação é chamado Dhyanam – meditação. Na escritura Védica Brhad Devata e também nos Tantras se afirma que é essencial conhecer a Deidade do Yajña, do rito. Este conhecimento deve ser buscado através de um esforço consciente, quase que um “estudo”, embora toda a motivação seja gerada pelo amor. O processo acontece da mesma forma que um coração apaixonado quer saber cada vez mais sobre a personalidade, os gostos e as características de sua amada. Um ritual ou uma oferenda dedicada á uma Deidade só gera frutos quando temos uma compreensão clara da Deidade adorada. E, quanto mais se pratica os ritos, mais profunda e mais sutil se torna esta compreensão tornando a prática cada vez mais eficaz.

Na escritura Brhad Devata se afirma que este profundo conhecimento da natureza da Deidade (Devata Tattva) nos leva à uma convergência de nossa identidade individual com Brahman, do qual a Deidade é um aspecto.