terça-feira, 24 de março de 2020

Quarentena entre os Deuses



Gostaríamos de partilhar uma bela narrativa do Templo de Senhor Jagannatha em Puri – Índia. Este é o maior Templo do Senhor Jagannatha no mundo e certamente é o mais tradicional entre os Vaishnavas.

Todos os anos, antes do Festival do Ratha Yatra, o Senhor Jagannatha adoece. Vamos entender as parábolas (simbologia) desta narrativa.

Na Lua cheia após o auge do verão o Senhor Jagannatha recebe um banho ritual (Abhisheka) de 108 potes de agua consagrados (Kalashas). Este ritual chamado de Snana Purnima visa “refrescar” as energias (Shakti) emanadas do Senhor. Após este grande Abhisheka as Deidades são colocadas em quarentena pelos 15 dias da quinzena lunar escura (Krishna Paksha) se sucede a Lua cheia.

Neste período as Deidades do Templo não recebem oferendas de alimento sólido, apenas o extrato de várias folhas e raízes medicinais (Sarva Oshadhi) para intensificar a percepção dos devotos de suas energias espirituais (Shakti). Nenhum devoto pode visitar o Templo e ter o Darshana neste período. Após a “quarentena” o Senhor Jagannatha ressurge em seu total esplendor e começa o Festival do Ratra Yatra onde as sagradas Murtis são levadas as ruas para que todos tenham a misericórdia de receber bênçãos mesmo sem ir ao Templo.

Este calendário litúrgico é seguido à milhares de anos e influenciou o culto de vários outros Deuses que também se afastaram por um período, as vezes de 40 dias, e se isolaram ou foram para o deserto ser “tentados” e retornar vitoriosos para abençoar seus devotos.

Pela primeira vez na história deste ciclo da humanidade (Kali Yuga) estamos vivenciando uma quarentena mundial e após os eventos previstos nas escrituras retornaremos preparados para uma Nova Era alicerçada no Dharma, ou seja, em equilíbrio com a natureza. Que Mãe Kali, a Mãe do Universo, nos abençoe à todos. 

Jaya Maa.