quinta-feira, 14 de março de 2013

Iniciação Tantrica - Parte 2



jñānena kriyayā vāpi guru śiṣyaṃ parīkṣayet |
saṃvatsaraṃ tadarddhaṃ vā tadarddhaṃ vā prayatnataḥ || 19 ||
No conhecimento e na ação o Guru deverá testar o discípulo pelo período de um ano, ou metade de um ano ou um quarto de ano.


uttamāṃścādhame kuryānnīcānuttamakarmaṇi |
prāṇadravyapraṇāmādyairādeśaiśca svayaṃ samaiḥ || 20 ||
Trazendo o que está acima para baixo, o que está abaixo para cima, em assuntos relativos à poder, dinheiro, reverência, obediência e outros.


tatkarmasūcakairvākyairmāyābhiḥ krūraceṣṭitaiḥ |
pakṣapātairudāsīnairanekaiśca muhurmuhuḥ || 21 ||
ākṛṣṭastāḍito vāpi yo viṣādaṃ na yāti ca |
guruḥ kṛpāṃ karotīti mudā sañcintayet sadā || 22 ||
O discípulo não deve se magoar devido à estes atos aparentemente cruéis, às palavras associadas à estes, às frequentes parcialidades, às muitas e repetidas indiferenças. Mesmo que seja puxado ou castigado, sempre encarar tudo como a compaixão do Guru.


śrīguroḥ smaraṇe cāpi kīrttanaṃ darśane'pi ca |
vandane paricaryāyāmāhvāne preṣaṇe priye || 23 ||
ānandakamparomāñcasvaranetrādivikriyāḥ |
yeṣāṃ syuste'tra yogyāśca dīkṣāsaṃskārakarmaṇi || 24 ||
Aqueles que se arrepiam em regozijo, tremem, mudam de voz e de olhar à simples lembrança do Guru, em suas homenagens, em suas audiências, ao prestar reverências à ele, em seu serviço, ao ser chamado ou em sua despedida – estes estão aptos à ser privilegiados para a purificação de iniciação.


śiṣyo'pi lakṣaṇairetaiḥ kuryād guruparīkṣaṇam |
ānandādyairjapastotradhyānahomārcanādiṣu || 25 ||
jñānopadeśasāmarthyaṃ mantrasiddhimapīśvari |
vedhakatvaṃ parijñāya śiṣyo bhūyānna cānyathā || 26 ||
O discípulo deveria se tornar um Shishya somente após reconhecer o Guru através de sua habilidade no Japa, nos Stotras, Dhyanas, Homa, Puja e nos demais. Após conhecer sua capacidade para a transmissão do conhecimento, perfeição na ciência dos Mantras e habilidade para causar um impacto sutil, o interessado tornar-se-ia um discípulo e não de outra forma.

Comentário: Japa é a recitação de Mantras, Stotras são hinos ritualísticos recitados em circunstancias especificas, Dhyana é a visualização adequada à cada Deidade, Homas são cerimonias de fogo e Pujas são ritos de adoração. O Guru deve ser extremamente hábil em todos estes.
A capacidade de causar um impacto sutil é um tanto subjetiva, entretanto todos aqueles que já presenciaram uma Puja completa ou outros ritos afirmam que “algo diferente” acontece ali, este “algo diferente” é a presença de Shakti, energia espiritual.


ādimadhyāvasāneṣu yogyāḥ śaktinipātitāḥ |
adhamā madhyamāḥ śreṣṭhāḥ śiṣyā devi prakīttītāḥ || 27 ||
Existem aqueles que são competentes no início, aqueles que são competentes no meio e aqueles que são competentes ao final, devido á transmissão da Shakti do Guru. Estes discípulos são respectivamente considerados Adhama (os mais baixos), Madhyama (os medianos) e Shreshtha (os melhores).


ādau bhaktirbhaveddevi dīkṣārthaṃ samudanti ye |
punavīpulahṛṣṭāste ādiyogyā itīritāḥ || 28 ||
Aqueles em que existe devoção no inicio, quando eles vêm para a iniciação, porém cujo entusiasmo esfria-se em breve, são considerados competentes no inicio.


dīkṣāsamayasamprāptā jñānavijñānavajītāḥ |
bhaktyā pradhvastaparyāyā madhyayogyāśca te smṛtāḥ || 29 ||
Aqueles que chegam quando é o momento dos ritos de iniciação e que não possuem conhecimento ou característica especial são considerados competentes no meio.


ādau bhaktivihīnā ye madhyabhaktāstu ye narāḥ |
antapravṛddhabhaktāśca antayogyā bhavanti te |
uttamajñānasaṃjñāścetyupadeśastridhā priye || 30 ||
Aqueles que não tem devoção no começo, que se tornam devotos no meio e cuja devoção se torna plenamente amadurecida ao final são os Shishyas considerados competentes ao final e são conhecidos como os melhores Jñanis. Ó Querida  ! A instrução (Upadesha) pode ser de três tipos: de Karma, de Dharma e de Jñana.

Comentário: Um Jñani é aquele que segue prioritariamente o caminho do conhecimento e se diferencia dos Bhaktas que priorizam a devoção e dos Karmis que priorizam a ação.


yathā pipīlikā mandamandaṃ vṛkṣāgragaṃ phalam |
cireṇāpnoti karmopadeśaścāpi tathā smṛtaḥ || 31 ||
Destas, a instrução de Karma é aquela que caminha lentamente tal qual a formiga que leva muito tempo para alcançar o fruto no alto da árvore, seguindo bem devagar.


yathā kapiśca śākhāyāṃ śākhāmullaṃghya yatnataḥ |
phalaṃ prāpnoti dharmasya copadeśastathā priye || 32 ||
Ó minha Querida ! A (instrução) de Dharma é tal qual o movimento do macaco que se esforça pulando de galho em galho e atinge o fruto.


yathā viyadgamaḥ śīghraṃ phala eva niṣīdati |
tathā jñānopadeśaśca kathitaḥ kulanāyike || 33 ||
Ó KulaNayika ! A instrução em Jñana é tal qual o (movimento) do pássaro que voa direto e descansa sobre o fruto rapidamente.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Iniciação Tantrica - Parte 1




Existe um grande interesse nos assuntos relacionados à iniciação Tantrica e, por falta de conhecimento adequado, alguns mitos são criados. Uma maneira de ajudar á todos os interessados é divulgar o que as escrituras Tantricas têm à dizer sobre o tema. Segue-se abaixo a parte 1 da tradução verso por verso do Kularvana Tantra capitulo XIV que vai do verso 1 até o 18.

Estas linhas gerais esclarecem os procedimentos que seguimos em nosso Kula, em nossa família spiritual. Aqui as iniciações (Diksha) e as transmissões (Upadesha) não são cobradas, conforme aprendemos com nosso Guru. Os ritos são realizados conforme a instrução oral recebida e as indicações dos Tantras.

Que Mãe Kali nos abençoe


śrī devyuvāca
kuleśa śrotumicchāmi parīkṣāṃ guruśiṣyayoḥ |
upadeśakramaṃ dīkṣābhedāṃśca vada me prabho || 1 ||
A Deusa disse: “Ó Kulesha ! Eu quero ouvir sobre os testes entre Guru e Shishya. Ó meu Senhor ! Diga-me também a sequência de instrução e os tipos de iniciação.”


īśvara uvāca
śṛṇu devi pravakṣyāmi yanmāṃ tvaṃ paripṛcchasi |
tasya śravaṇamātreṇa cittaśuddhiḥ prajāyate || 2 ||
Ishvara disse: “Ouça Ó Deusa ! Lhe digo o que Tu me perguntaste. Apenas ao ouvir isto já purifica a mente.“


vinā dīkṣāṃ na mokṣaḥ syāttaduktaṃ śivaśāsane |
sā ca na syādvinācāryamityācāryaparamparā || 3 ||
Foi determinado pelo Senhor Shiva que não há Liberação sem iniciação e essa iniciação não pode acontecer sem um Acharya tradicional.

Comentário: Um Acharya é aquele que segue plenamente o Dharma e, portanto, teria a primeira qualificação para poder eventualmente ensiná-lo.


tasmāt siddhāntaṃ samprāpya sampradāyādihetubhiḥ |
antareṇopadeṣṭāraṃ mantrāḥ syunīṣphalā yataḥ || 4 ||
Portanto, após conhecer os conceitos relacionados à tradição, deve-se assegurar de ter um Guru capaz de transmitir as instruções internas. De outra forma os Mantras se tornam infrutíferos.


devāstameva śaṃsanti pāramparyapravarttakam |
guruṃ mantrāgamābhijñaṃ samayācārapālakam || 5 ||
As Deidades oferecem proteção somente àqueles Gurus que promovem a tradição, que conhecem os Mantras, os Agamas e que protegem os ritos convencionais.

Comentário: A palavra Samaya significa acordo, convenção, moderação. Nos Tantras se refere à iniciação que é dada através de rituais.


guruḥ śiṣyādhikārārthaṃ virakto'pi śivājñayā |
kiñcitkālaṃ vidhāyetthaṃ svaśiṣyāya samarpayet || 6 ||
Apesar de (inicialmente) desapegado do Guru, após refletir sobre as disciplinas de um Shishya, deve-se aceitar a autoridade (do Guru), sob o comando do Senhor Shiva.


tasyāpītādhikārasya yogaḥ sākṣāt pare śive |
dehānte śāśvatī muktiriti śaṅkarabhāṣitam || 7 ||
Pois aquele que está investido desta autoridade, verdadeiramente está em união com ParaShiva e, ao final de sua vida terrena há a Liberação eterna – assim foi declarado por Shiva Shankara.


tasmāt sarvaprayatnena sākṣātparaśivoditam |
sampradāyamavicchinnaṃ sadā kuryāt guruḥ priye || 8 ||
Portanto, Ó minha Querida ! Deve-se buscar, com todos os esforços, um Guru de tradição ininterrupta que tenha sido estabelecida pelo próprio ParaShiva.


śaktisiddhisusiddhyarthaṃ parīkṣya vidhivad guruḥ |
paścādupadiśenmantramanyathā niṣphalaṃ bhavet || 9 ||
Depois de testar adequadamente o discípulo na maneira prescrita para que haja a transmissão de Shakti e um sucesso auspicioso, o Guru deve comunicar o Mantra. De outra forma é infrutífero.

Comentário: Shakti é força espiritual.


anyāyena tu yo dadyād gṛhṇātyanyāyataśca yaḥ |
dadatā gṛhṇatā devi kulaśāpo bhaviṣyati || 10 ||
Ó Devi, se (o Mantra) for transmitido de forma contrária à este requisito ou se alguém o recebe de forma contrária, tanto aquele que o transmitiu quanto aquele que o recebeu estarão caídos.


guruśiṣyāvubhau mohādaparīkṣya parasparam |
upadeśaṃ dadad gṛhṇan prāpnuyātāṃ piśācatām || 11 ||
Se, movidos pela ilusão, o Guru e o discípulo transmitem e recebem a instrução sem mutuamente testar um ao outro, então ambos tornam-se Pishachas.

Comentário: Um Pishacha é um espirito que aprecia carne e desordem.


aśāstrīyopadeśañca yo gṛhṇāti dadāti hi |
bhuñjāte tāvubhau ghorānnarakānekaviṃśatim || 12 ||
Se a instrução for contrária às escrituras tanto aquele que transmite quanto aquele que recebe terão de viver por muitos anos em terrível tribulação.


asaṃskṛtopadeśañca yaḥ karoti sa pātakī |
 vinaśyati ca tanmantraṃ saikate śālibījavat || 13 ||
Aquele que transmite uma instrução que não é bem elaborada está em grande demérito. O seu Mantra se perde tal qual as sementes que são lançadas na areia.


anarhe mantravijñānaṃ na tiṣṭhati kadācana |
tasmāt parīkṣya karttavyamanyathā niṣphalaṃ bhavet || 14 ||
O conhecimento do Mantra nunca se sustenta naqueles que não são merecedores, é por isso que só se deve proceder após os devidos testes, de outra forma (tudo) é infrutífero.


kṛtvā samayadīkṣāñca dattvā samayapādukām |
sannidhāyātmanaḥ śiṣyaṃ vadenmantraṃ na cānyathā || 15 ||
Após iniciar (o discípulo) com os rituais e dar-lhe o Pāduka, instruindo o discípulo para sentar-se próximo, o Guru então transmite o Mantra, e não de outra forma.

Comentário: A palavra Pāduka significa literalmente sandálias, aqui ela se refere ao abrigo espiritual que o Guru se compromete à garantir à seu discípulo antes de transmitir-lhe o Mantra.


sacchiṣyāyātibhaktāya yajjñānamupadiśyate |
tajjñānaṃ tattuśāstrārthaṃ tadvidadhyādakhaṇḍitam || 16 ||
O conhecimento que é transmitido ao bom discípulo, de excelente devoção, deve estar de acordo com as escrituras e ser comunicado na sua integra.


asacchiṣyeṣvabhakteṣu yajjñānamupadiśyate |
tat prayātyapavitratvaṃ gokṣīraṃ śvaghṛtādiva || 17 ||
Qualquer conhecimento que é transmitido aos discípulos maus e sem devoção se torna impuro tal qual o leite de vaca ao ser misturado com ghee feito de leite de cadela.

Comentário: O ghee é uma manteiga clarificada preparada de forma especial, o que garante sua conservação e a permanência de suas qualidades nutritivas por muito tempo.


dhanecchābhayalobhādyairayogyaṃ yadi dīkṣayet |
devatāśāpamāpnoti kṛtañca niṣphalaṃ bhavet || 18 ||
A iniciação que é dada àquele que é incapaz, seja por motivo de dinheiro ou de outros ganhos, ou seja por medo ou ambição, se torna infrutífera e aquele que a deu recebe a maldição da Deidade.

sábado, 2 de março de 2013

Os Kalās





“Kala” é uma palavra em Sânscrito e naquela língua existem diferenças entre vogais curtas e vogais longas. Estas diferenças pode gerar terríveis mal-entendidos pois estaríamos falando de coisas diferentes apesar de que, na escrita em caracteres Ocidentais, elas pareceriam as mesmas. Para esclarecer podemos usar um exemplo em Português onde “coco”(fruta) é completamente diferente de “cocô” (fezes). Neste ensaio falaremos sobre “Kalā”, um pedaço, uma caracteristica ou pequena parte de algo. Esta palavra nada têm à ver com “Kāla” que significa tempo. Este primeiro esclarecimento é muito relevante para o estudioso sério dos Tantras pois estas duas palavras e seus conceitos associados são totalmente distintos.

O estudo das Kalās é alvo de muita deturpação e absurdos e neste momento se tornou mandatório comentar sobre o termo com mais propriedade. Lembremos as linhas expressas pelo Kaula Jñana Nirnaya Tantra no capitulo sete, versos 26 à 29, onde se lê:

“ Apenas um Kaulika deveria realizar estes atos. Sem o conhecimento das escrituras Kaula, sem um Guru Kaula, sem um Mantra Kaula e sem Shiva, o agente é um Pashu. Não se deve realizar (os ritos Kaula) à não ser que tenha domínio sobre os Kula Agamas. “

“ A pessoa desonesta que finge ser um Natha ou um Kaulika está iludida, e por ser ignorante (dos vários detalhes) acabará por ser destruída, certamente será destruída. Ele se torna fracassado, confuso, paralisado, doente e caído. ”

Muitas das disciplinas espirituais (Sadhanas) propostas pelos Tantras visam trazer à tona e reduzir os aspectos inerciais e (auto)destrutivos (Tamasikos) da mente. Isto é feito através de procedimentos que aumentam as qualidades Rajasikas, que correspondem às forças dinâmicas e criativas. Após este estágio o iniciado pode então estabelecer-se nas puras vibrações Sattvikas de harmonia. Entretanto aqueles aventureiros que se lançam á certas Sadhanas sem a devida orientação acabam se vendo inundados de energia criativa, e se sentem como se fossem verdadeiros gênios. Uma observação mais atenta revelará que eles estão apenas muitos confusos e deslumbrados, expressando constantemente conteúdos sem consistência. Numa análise de Ayurveda se diria que suas mentes estariam com Vata agravado. Todos estes riscos podem ser devidamente evitados ao seguir os procedimentos do modo tradicional e sob orientação adequada.

O Sadhaka iniciado evoca as Kalas diariamente em suas disciplinas, as três primeiras estão associadas às três "luminárias": a Lua, o Fogo e o Sol. Estas três são frequentemente mencionadas na literatura Tantrika e possuem significados distintos em vários níveis de interpretação. Por exemplo, ao estabelecer o Samanyarghya, as águas que serão usadas durante o rito principal, o Fogo é representado no Yantra desenhado sobre o granito, o Sol está na Kalasha e a Lua é o liquido derramado. Esta  instalação será usada para todas as oferendas liquidas para as Deidades durante uma Puja. Há ainda um significado interno: o “Fogo” personifica o Muladhara Chakra do iniciado e Kundalini ali adormecida, o Sol é seu Anahata Chakra e sua identidade, seu Ahamkara, a Lua personifica o Ajña Chakra e o néctar da imortalidade (Amrta) que flui à partir de lá.

Observamos que por trás de um rito aparentemente simples, realizado externamente, como instalar o Samanyarghya com as águas da Puja, existe uma simbologia internalizada e muito sofisticada. O iniciado está ali trabalhando simbolicamente com aspectos muito profundos de sua Psique. O Samanyarghya instalado é um reflexo dele mesmo que passa então à se “trabalhar” de uma forma representativa e  dramática. As três luminárias possuem ainda significados mais sutis. Sir John Woodroffe em seu “Garland of Letters” no capitulo sobre “o Sol, a Lua e o Fogo” diz: “ Aqui está o alicerce do jogo secreto praticado entre  Shiva e Shakti como Lua, Fogo e Sol, que é a união de ambos. Daqui procede o Universo de Nomes e Formas. “ Mark Dyczkowski, da Universidade de Nova Iorque, em seu “The Canon of the Shaivagama and the Kubjika Tantras of the Western Kaula Tradition” no capitulo sobre os quatro Amnayas afirma que a Lua, o Sol e o Fogo correspondem à Chandini, Bhaskari e Tejotkata respectivamente. Segundo a perspectiva da antiga tradição Tantrika Trika estes aspectos estão associados à Deusa em Suas formas de Para, Apara, Parapara.

Cada luminária possui um numero especifico de Kalas, sendo 10 Kalas para o Fogo, 12 para o Sol e 16 para a Lua. O MahaNirvana Tantra em seu capitulo VI menciona quais são as Kalas respectivos à cada luminária, esta mesma lista é apresentada no MantraMahoDadhi que também informa o Kala Nyasa.
Dhumra, Archi, Jvalini, Sukshma, Jvalini, VishpuLingini, Sushri, Surupa, Kapila e HavyaKavya Vaha são as dez Kalas do Fogo.
Tapini, Tapini, Dhumra, Marichi, Jvalini, Ruchi, Sudhumra, Bhogada, Vishva, Bodhini, Dharini e Kshama são as doze Kalas do Sol.
Amrta, Pranada, Pusha, Tushti, Pushti, Rati, Dhriti, Shashini, Chandrika, Kanti, Jyotsna, Shri, Priti, Angada, Purna e Purnamrta são as dezesseis Kalas da Lua.

Vemos claramente que as Kalas são aspectos (porções) relacionados às qualidades das luminárias as quais correspondem. Isto é facilmente verificável ao se observar o nome em Sânscrito de cada uma das Kalas. Impor um significado além do que é claramente expresso seria uma apropriação indevida do termo Tantriko e não corresponde de forma alguma ao que é ensinado na tradição. Portanto não há “sacerdotisas das Kalas” ou quaiquer coisas do gênero e nem tampouco há associações entre este termo e as “flores” mencionadas em algumas escrituras. Os romancistas que afirmam tal coisa estão apenas demonstram seu desconhecimento da tradição e dos textos Tantrikos.

Que Mãe Kali nos abençoe