quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Vijñana Bhairava Tantra

 

यथा लोकेन दीपस्य किरणैर्भास्करस्य च 

ज्ञायते दिग्विभागादि तद्वच्छक्त्या शिवः प्रिये 

yathā lokena dīpasya kiraṇairbhāskarasya ca   |

jñāyate digvibhāgādi tadvacchaktyā śivaḥ priye   ||

 

“Óh Querida, da mesma forma que, através da luz de uma lamparina ou dos raios do Sol, os diferentes aspectos de um espaço são conhecidos, é através de Shakti (a Mãe Divina) que o Senhor Shiva é conhecido”.

Vijñana Bhairava Tantra verso 21.

 

Comentário: Shiva e Shakti são apreciados com igualdade nos Tantras e o Sadhaka, o adepto iniciado, sabe que esta terminologia transcende mundanas questões de genero.

 

No Kaula Tantra, Shakti é definida como “Kula” enquanto Shiva é definido como “Akula”. Estas definições merecem nossa atenção especial.

 

A palavra Kula significa familia ou dinastia. Em contextos escriturais ela se refere à tudo o que pode/deve ser organizado, ao desejo de elevação espiritual assim como aos compromissos internos que assumimos.

 

Já a palavra Akula significa destituido ou desapegado. Nos Tantras ela se refere ao que vagueia livremente, à absoluta satisfação com o Si-mesmo, à ausencia de interesses e compromissos.

 

Shiva e Shakti são representados mutuamente apaixonados, em um eterno jogo de amor. Há um pulsar, um ir e vir, expansão e contração. Esta analogia reflete o pulsar de tudo aquilo que é Vida !

 

Para o Sadhaka este pulsar se manifesta em sua vida espiritual, nos multiplos aspectos de sua vida pessoal assim como na sua interação com a sociedade à sua volta. “Saber pulsar” significa saber adaptar-se à tudo o que o mundo nos oferece, saber apreciar o ato de amor de Shiva e Shakti. Celebremos o Pulsar da Vida (Sat), a Consciência que permite-nos apreciar (Cit) e a Bem-Aventurança (Ananda). Sat Chit Ananda ! Jaya Ma !

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Siga seu próprio Dharma


 

शिवस्य हृदयंविष्णुर्विष्णोश्च हृदयंशिवः 

śhivasya hṛdayaṁviṣhṇurviṣhṇośca hṛdayaṁśhivaḥ   ||

 

“O coração (a “essência”) de Shiva é Vishnu, o coração de Vishnu é Shiva”.

 

Comentário: Observamos que alguns Puranas Vaishnavas afirmam uma superioridade de Vishnu enquanto Shaiva Puranas afirmam o mesmo sobre Shiva. Porém esta é apenas uma maneira de reafirmar a necessidade de ter um caminho bem claro e definido embora ambos os caminhos levem aos mesmos frutos. Ou pratica-se um Dharma Vaishnava ou pratica-se um Dharma Shaiva. Cada um destes Dharmas possui suas próprias peculiaridades.

 

O homem confuso, deslumbrado com o igual esplendor de ambas as formas arrisca-se a inventar caminhos que levam apenas à ofensa de ambas as formas da Divindade. Não se deve pisar nos Templos de Vishnu com a poeira dos cemitérios em seus pés ou com adornos de ossos, da mesma forma não se deve realizar as disciplinas espirituais (Sadhanas) de Shiva vendo o Supremo Senhor, o Guru Primordial apenas como um serviçal de um terceiro ......

 

Sem um Guru, seja ele Shaiva ou Vaishnava, o homem perdido pode até dar vazão à seus caprichos e se imaginar uma bizarra mistura como um “Vaishnava Aghori” ou outras fantasmagorias porém, no devido tempo, todos colhem o amargo fruto de suas práticas. 

 

É preferível seguir o seu próprio Dharma mesmo que parcialmente do que seguir o Dharma de terceiros com perfeição.