segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Citações 01



Citações 01

  
Kularnava Tantra capitulo 2, versos 84 à 86.




षड्दर्शनानि मेऽङ्गानि पादो कुक्षिः करौ शिरः।

तेषु भेदन्तु यः कुर्यान्ममाङ्गं च्छेदयेत्तु सः॥ ८४॥

ṣaḍdarśanāni me'ṅgāni pādo kukṣiḥ karau śiraḥ |

teṣu bhedantu yaḥ kuryānmamāṅgaṁ cchedayettu saḥ || 84 ||



“ As seis filosofias (Darshanas) são Meus seis membros – Meus dois pés, Minhas duas mãos, Meu estomago e Minha cabeça. Portanto, quem quer que diferencia entre elas despedaça o Meu corpo. “



एतान्येव कुलस्यापि षडङ्गानि भवन्ति हि।

तस्माद्वेदात्मकं शास्त्रं विद्धि कौलात्मकं प्रिये॥ ८५॥

etānyeva kulasyāpi ṣaḍaṅgāni bhavanti hi |

tasmādvedātmakaṁ śāstraṁ viddhi kaulātmakaṁ priye || 85 ||



“ Da mesma forma, Ó minha Querida ! Estes seis Darshanas (que se originam dos Vedas) constituem os seis membros do Kula. Portanto, saiba que os Shastras do Kaula Tantra não são nada além dos Shastras dos Vedas. “



दर्शनेष्वखिलेष्वेव फलदं चैकदैवतम्।

भुक्तिमुक्तिप्रदं नृणां कुलेऽस्मिन् दैवतं प्रिये॥ ८६॥

darśaneṣvakhileṣveva phaladaṁ caikadaivatam |

bhuktimuktipradaṁ nṛṇāṁ kule'smin daivataṁ priye || 86 |


“ Uma é a Divindade que garante frutos nas diversas filosofias, e é esta mesma Divindade que garante felicidade e liberação no Kula também. “

Na gravura temos a Deusa Varahi, uma das oito Matrkas da tradição Tantrika que, junto com os oito Bhairavas que as acompanham, formam a Mandala de adoração em torno do casal Divino. A Deusa Varahi representa a manutenção do Dharma, da ordem cósmica, através do sacrificio, ou seja, do cumprimento do dever em detrimento das realizações menores.






Reflexões sobre a história do Kaula Dharma 01








Namaste amigos,

Algumas pessoas demonstram grande preocupação com os detalhes históricos envolvidos na propagação do Kaula Dharma e, às vezes, se vêem envolvidas com idéias e conceitos elaborados com considerável fragilidade. Em resposta à algumas duvidas postadas este texto foi preparado. Partilho-o agora com o grupo, Jaya Maa !

" A tradição Kaula está firmemente enraizada nos Vedas, observe que todos os Samkaras (ritos de passagem) do período Védiko estão preservados e possuem referência e instruções adequadas à esta Era (kaliyuga) e são descritos nos Kaula Tantras. Todo o sistema social Védiko baseado em Varna e Ashrama também é sancionado nos Kaula Tantras. O ideal da realização de Yajñas tão característico da busca espiritual do período Védiko também é mantido e seguido pela tradição Kaula, portanto afirmar que  esta tradição tem “ ... dimensão que não é Védika ...” é totalmente arbitrário e não possui nenhuma base. Tal afirmativa demonstra desconhecimento das escrituras e da linha sucessória mantidas pelos Gurus desta tradição.

tasmātvedātmakaṁ śastraṁ viddhi kaulātmakaṁ priye
" Portanto entenda que a essência das escrituras Vedikas estão no Kaula. " Kularnava Tantra

Afirmar que a escola Kaula seria “uma divisão do Shivaismo da Cashemira” também não possui nenhum fundamento. 1. A escola Kaula é predominantemente Shakta, ou seja, a Deusa em Suas muitas formas é a principal Deidade e raramente encontra-se grupos que tenham orientação Shivaista. 2. A tradição Kaula possui suas próprias escrituras que não são mencionadas pelos adeptos do Shivaismo da Cashemira. Existem poucas escrituras que estas (e outras) tradições têm em comum. 3. A tradição oral do Shivaismo da Cashemira mantém em seus Ashram a recitação do Shri Rudram enquanto que na tradição Kaula o texto recitado é o Chandi Path também conhecido como Devi Mahatmyam ou Durga Saptashati – onde a principal Deidade é a Deusa e o Senhor Shiva é mencionado como “embaixador da Deusa”. 4. A tradição Kaula mantém práticas originadas no período Védiko como o ritual de Bali descrito no Krsna Yajur Veda. Estas práticas foram esquecidas no Shivaismo da Cashemira.

Como é claro pelo o que foi exposto,não é verídico afirmar que uma tradição seria apenas uma divisão da outra.

Afirmar que a tradição Kaula foi “revivida por pesquisas literárias” também não tem qualquer fundamento. Esta tradição possui uma forte e influente prática e produção tanto literárias quanto orais. Nenhuma outra tradição Tantrika possui tantos textos relevantes ou uma prática de recitação de textos sagrados tão intensa que chega ao ponto de influenciar populações de todo o subcontinente Indiano, observe a recitação do Chandi Path que é mantida viva e vigorosa desde o período Pauraniko e encontra nos grupos Kaula uma organizada disciplina de ensino e prática devocional.

Dentre as características observáveis dos Gurus e adeptos podemos ressaltar: 1. a discrição e elegância na transmissão de ensinamentos, sempre respeitando as normas sociais das sociedades onde estão inseridos, valorizam contatos pessoais e atuando à partir de pequenos grupos onde “Cada casa é um Templo e seus ocupantes são os Sacerdotes”. Não há aqui a necessidade de chocar a opinião publica ou trazer uma "idéia revolucionária" 2. A evidente erudição da maiores de seus mestres e expoentes, que geralmente são (bem) versados no conhecimento das escrituras e no estudo do Sânscrito. A genialidade de AbhinavaGupta um de nossos maiores mestres é inegável, grande conhecedor de Sânscrito, comentador de tratados filosóficos, escritor de livros sobre Arte e dança que influenciam ainda hoje os artistas da Índia, criador de uma profunda explanação sobre os elementos que caracterizam a estética humana e homem que valorizou a prática ritualística e a eternizou em seu excelente TantraLoka Tantra.

Desde antes de Abhinavagupta (século IX) até os dias de hoje grandes homens banharam-se nestas águas de uma viva tradição espiritual, veja os exemplos de JayaRatha, HariHarananda Bharati e Sir John Woodroffe , este ultimo um cidadão Inglês, juiz da Suprema Corte Indiana que se apaixonou por tão bela tradição e patrocinou a tradução de várias escrituras para a língua Inglesa de onde conquistaram o coração de muitos Ocidentais interessados no Dharma.

A tradição Kaula passou por momentos de grande evidência no cenário da sociedade medieval Indiana e era comum encontrar cortes inteiras iniciadas por seus Gurus e reis ardentes devotos de Kali Devi – A Mãe do Universo. O Kulagama sempre foi um Dharma seguido por homens e mulheres que se esforçavam em ser eficientes (siddhas) tanto em suas atribuições mundanas e sociais quanto em suas buscas espirituais. Isto contribuiu para a inegável influencia que a tradição exerce até os dias de hoje mantendo seu caráter liberal, universalista e cosmopolita – tão característico à grupos e sociedades acostumadas à exercer o poder com dignidade e tolerância. Um ditado Kaula reafirma esta característica ao dizer: “ Da mesma forma que todas as pegadas desaparecem dentro da pegada do elefante, todas as tradições estão presentes e absorvidas dentro do Kaula. ”

Uma característica bastante interessante da tradição Kaula, presente tanto nas suas inúmeras escrituras quanto na atuação de seus Gurus e Mathikas é a grande discrição adotada. São poucas as escrituras que ressaltam seu caráter Kaula em seus títulos, na maioria dos casos o vínculo é observado no corpo do texto e na descrição de rituais; da mesma forma os Gurus nem sempre divulgam abertamente serem membros do Kaula Dharma. Isto demonstra a ausência de proselitismo religioso ou da necessidade (um tanto pueril) de se afirmar membro desta ou daquela linhagem em detrimento da escolha feita pelos demais.

Outro fato interessante e que torna a visibilidade da tradição ainda mais discreta é o fato da maioria de seus ritos serem práticas pessoais, viáveis de realização na própria residência do devoto ou em lugares solitários. Na realidade os Templos (Mathikas) são, predominantemente, locais destinados ao encontro e confraternização de devotos.

antaḥśāktāḥ bahiḥśaivaḥ sabhāyāṁ vaiṣṇavā mataḥ
nānārūpadharāḥ kaulāḥ vicaranti mahītale
" No coração, um Shakta, na aparência, um Shaiva, nas congregações,
um Vaishnava. Sob todas as aparências os Kaulas perambulam pelo mundo. "

O PancaMakara pode ser visto a continuidade de práticas originadas e mantidas no período védico: 1. O consumo do “Soma” védiko – bebida embriagante preparada liturgicamente, utilizada como uma forma de eucaristia pelos membros do grupo têm sua continuidade no Madya – o vinho consagrado. O ritual de consagração deste elemanto faz uso do Tryambakam mantra que foi revelado no Krsna Yajur Veda. 2. O consumo de carne e peixe consagrados ritualisticamente é continuidade das práticas de Bali realizadas no período Védiko, todos sabem que a maioria dos Brahmanes do período védiko não era vegetariana. Para confirmação verifique os próprios Vedas, em especial o Yajur. 3. O Maithuna é reminiscência de um Samskara Védiko: o “Garbha Dhana” – a benção do útero. Todos os membros das três castas superiores passavam por este Samskara que visa a geração de crianças com inclinações espirituais. 4. Os grãos servidos à Deidade representam o Naivedya – alimento preparado oferecido ritualisticamente.

Pode-se observar que não existe nada de alheio às práticas do período védiko dentro do PancaMakara. Na verdade, se analisarmos de forma apropriada, veremos que o Kaula pode ser considerado como uma das tradições mais ortodoxas e fiéis aos princípios e práticas da antiguidade.

Não é necessário recorrer à um fantasioso “revivacionismo” para encontrar a presença da prática Kaula até os dias atuais. Observe os escritos de Devadatta Kali, Swami Satyananda Saraswati e ShankaraNarayanam e encontrará grandes adeptos contemporâneos. No século XIX temos gurus que foram iniciadores de grandes personalidades veja Bhairavi Brahmani que iniciou Shri RamaKrishna nas disciplinas Tantrikas, veja MahendraNath Gupta. Temos também Sir John Woodroffe, que embora fosse um iniciado e não um guru, realizou uma imensa obra ao financiar a tradução de várias escrituras Kaula para o Inglês.

A tradição é mantida sem estardalhaços, poucos Gurus se revelam abertamente como membros do Kaula Dharma. Tudo é feito dentro da tradição de reserva e discrição tão características do ensinamento Tantriko, observe que no caso dos Gurus estabelecidos no Ocidente sequer a palavra “Tantra” é mencionada nos ensinamentos dando lugar à termos como “Sanatana Dharma” ou simplesmente “fé”.

O trabalho têm sido feito ininterruptamente através dos séculos, e um olhar mais atento revelará que muitas personalidades e mestres que receberam ensinamentos Tantrikos foram iniciados dentro da tradição Kaula, muito embora isto não seja divulgado abertamente. Observe o exemplo das iniciações Tantrikas de Shri RamaKrishna que felizmente foram documentadas, porém esta referencia clara e inequívoca, no caso da tradição Kaula, é uma exceção. "

Que Mãe Kali nos abençoe

Templo de Kali
Rudrananda Saraswati

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dias Auspiciosos - Dezembro 2012

Dias de Adoração Kaulika


Existem dias que são especiais para adoração pois neles acontecem momentos astrológicos especificos que aumentam os méritos (Punya) adquiridos através dos ritos. As escrituras Tantricas nos dão uma lista destas ocasiões.

कृष्णाष्टमीचतुर्द्दश्यावमावास्याथ पूर्णीमा।
संक्रान्तिः पञ्च पर्वाणि तेषु पुण्यदिनेषु च॥ ८॥
kṛṣṇāṣṭamīcaturddaśyāvamāvāsyātha pūrṇīmā |
saṁkrāntiḥ pañca parvāṇi teṣu puṇyadineṣu ca || 8 ||


“ O oitavo, o décimo-quarto e o Amavasya da quinzena escura, a lua cheia, e o dia de transição do Sol
entre os signos são as cinco ocasiões auspiciosas para adoração. " 
Kularnava Tantra, capítulo X verso VIII.

Em Dezembro de 2012 estes dias serão: dia 06 – Ashtami (oitavo dia da quinzena escura); dia 11 – Chaturdashi (décimo-quarto dia da quinzena escura); dia 12 – Amavasya; dia 15 – Sankranti (Sol entra em Sagitário); dia 27 - Purnima (Lua cheia).