Durante um
Yajña, durante uma ação ritual, um dos esforços mais importantes à ser
realizado pelo sacerdote, pelo Yajamana, é o da meditação. Dravya, as oferendas
e Mantra, aquilo que é recitado representando o Verbo Divino só chegam ao seu
destino se uma conexão for estabelecida com o ideal à ser atingido, este ideal é o
Devata, a Deidade. Da mesma forma que um dispositivo eletrônico só é ativado se estiver
devidamente conectado à bateria, à sua fonte de energia o rito só é propicio se o sacerdote tiver uma idéia clara do objetivo de suas ações.
O Devata, a Deidade,
é a grande fonte de energia, ele é o possuidor de Shakti, Força espiritual, e é
indistinguível desta. Assim como o Sol é percebido e reconhecido através de seu
brilho, o Devata é percebido através de sua Shakti, de sua Força espiritual.
Na escritura Aitareya
Brahmana onde os rituais Védicos são explicados, se afirma que o sacerdote
Adhvaryu só oferecia as oblações ao fogo sagrado após as recitações do
sacerdote Hota. O Hota entoava os Mantras e os Suktams, os hinos Védicos onde a
descrição, os atributos e a função do Devata eram relembrados e saudados.
Então, ao final dos hinos, o Hota pronunciava o Mantra “Vaushat” que indicava ao
Adhvaryu o momento de oferecer as oblações, que lhe respondia com o Mantra da
Deidade seguido de “Idam na Mama” – “Isto não é meu, (é da Deidade)”. A fala do
Hota, as oblações do Adhvaryu e a renuncia aos itens oferecidos deveriam estar
sempre sincronizados. Esta comunhão de ações engrandecia o ritual e o tornava eficaz.
Através da concentração nas características do Ideal á ser atingido e da renuncia aos itens
oferecidos estabelece-se uma forte afeição pela Deidade. Ela se torna afetuosa
e favorável e, muito embora, seja invisível aos olhos profanos, Ela se manifesta
diante da mente do sacerdote e dos adoradores.
Este processo de
manter um foco único, concentrar-se e buscar uma profunda contemplação é
chamado Dhyanam – meditação. Na escritura Védica Brhad Devata e também nos
Tantras se afirma que é essencial conhecer a Deidade do Yajña, do rito. Este
conhecimento deve ser buscado através de um esforço consciente, quase que um “estudo”,
embora toda a motivação seja gerada pelo amor. O processo acontece da mesma
forma que um coração apaixonado quer saber cada vez mais sobre a personalidade,
os gostos e as características de sua amada. Um ritual ou uma oferenda dedicada
á uma Deidade só gera frutos quando temos uma compreensão clara da Deidade
adorada. E, quanto mais se pratica os ritos, mais profunda e mais sutil se
torna esta compreensão tornando a prática cada vez mais eficaz.
Na escritura
Brhad Devata se afirma que este profundo conhecimento da natureza da Deidade
(Devata Tattva) nos leva à uma convergência de nossa identidade individual com
Brahman, do qual a Deidade é um aspecto.
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