Pureza Ritual, Prayashchitta e Kshamapana
Quanto a sua
regularidade os ritos podem ser classificados em três aspectos: Nitya – aqueles
que são expressão de nossa devoção e que refletem nosso estilo de vida e,
portanto, devem ser realizados diariamente, Naimittika – aqueles que são
realizados em ocasiões especiais e formam um alicerce para a consecução das
atividades em questão e Kamya – aqueles que são realizados apenas para
conquistar um objetivo especifico. Em todos estes a pureza ritual é um fator
importante pois ela interfere diretamente nos resultados que serão obtidos da
mesma maneira, numa analogia, que os critérios de higiene adotados por um cirurgião influenciam
diretamente o risco de infecções hospitalares e uma eventual falha no
tratamento.
Os Tantras mencionam cinco aspectos (Pañcha Shodhana) onde a purificação ritual é essencial. São eles:
1. Deha Shodhana, a purificação do corpo. Ela é feita através do asseio diário como banhos e limpeza das mãos e dos pés. E também através dos Nyasas que são ralizados antes dos ritos.
2. Sthana Shodhana, a purificação do local. Esta é feita pela limpeza fisica do ambiente, pela Dvara Puja (estabelecimento dos protetores à entrada do local) e pela aspersão de agua consagrada.
3. Mantra Shodhana, a purificação do Mantra. Os Mantras transmitidos dentro do Parampara (linha sucessória) não necessitam de cuidados especiais porém há procedimentos como o Matrka Nyasa e Samskaras especificos para tornar o Mantra viável para uso regular.
4. Bhavana Shodhana, a "purificação da perspectiva". Da mesma forma que uma criança pode ver num poodle uma horrivel ameaça devido à uma perspectiva equivocada o adepto pode apresentar perspctivas equivocadas sobre o Mantra, o rito e o processo como um todo. O conhecimento do Viniyoga e o Dhyanam e a conversa com o Guru (Upadesha) são indicados aqui.
5. Dravya Shodhana, a purificação dos artigos que serão oferecidos em gratidão. Ela é feita através da critewriosa escolha do que será adequado e da asperção do Samanyarghya.
Os Tantras mencionam cinco aspectos (Pañcha Shodhana) onde a purificação ritual é essencial. São eles:
1. Deha Shodhana, a purificação do corpo. Ela é feita através do asseio diário como banhos e limpeza das mãos e dos pés. E também através dos Nyasas que são ralizados antes dos ritos.
2. Sthana Shodhana, a purificação do local. Esta é feita pela limpeza fisica do ambiente, pela Dvara Puja (estabelecimento dos protetores à entrada do local) e pela aspersão de agua consagrada.
3. Mantra Shodhana, a purificação do Mantra. Os Mantras transmitidos dentro do Parampara (linha sucessória) não necessitam de cuidados especiais porém há procedimentos como o Matrka Nyasa e Samskaras especificos para tornar o Mantra viável para uso regular.
4. Bhavana Shodhana, a "purificação da perspectiva". Da mesma forma que uma criança pode ver num poodle uma horrivel ameaça devido à uma perspectiva equivocada o adepto pode apresentar perspctivas equivocadas sobre o Mantra, o rito e o processo como um todo. O conhecimento do Viniyoga e o Dhyanam e a conversa com o Guru (Upadesha) são indicados aqui.
5. Dravya Shodhana, a purificação dos artigos que serão oferecidos em gratidão. Ela é feita através da critewriosa escolha do que será adequado e da asperção do Samanyarghya.
A purificação inadequada
no caso de um rito Nitya pode produzir a associação com forças alheias á
natureza do rito (Dosha), ou seja, o devoto acha que está adorando e se relacionando
com uma Deidade e, na verdade, está apenas alimentando forças ilusórias. Várias
tradições espirituais reconhecem a possibilidade de que um “obsessor”/”demônio”
venha à se passar por um Ser elevado e
se aproprie de suas oferendas. Os Kriyas, os atos rituais, que evitam este
risco são: a purificação do espaço do rito (Dvara Puja, Bhumi Puja...) e a
clara identificação do destinatário das oferendas (recitação do Dhyanam e,
portanto, a criação de uma clara visualização da Deidade e a recitação do
respectivo Gayatri Mantra, ou seja, a compreensão da Deidade em seus três
momentos distintos).
No caso de um
rito Naimittika a impureza (Chidram) pode reduzir o resultado alcançado da
mesma forma que um alicerce mal feito reduz a resistência de uma construção. Ritos
importantes como a consagração de uma
representação da Divindade (Prana Pratishtha) ou uma iniciação (Diksha)
precisam de ritos auxiliares (Anga Kriyas) para que todos os aspectos relevantes
sejam alcançados – não basta que o novo iniciado seja veiculo das forças
evocadas (que é o foco da iniciação), ele deve também ter uma vida equilibrada,
com saúde e sucesso (Siddhi) em suas aspirações.
Num rito Kamya o
cuidado com a purificação prévia deve ser ainda mais criterioso. Uma eventual
impureza (Dosha/Chidram) pode levar a resultados opostos àqueles esperados. A
narrativa da vingança da Asuri Diti contra o Deus Indra (vide Agni Purana XIX)
é um alerta à este risco:
“ Nas inúmeras batalhas
dos Devas contra os Asuras ocorreram várias perdas. Diti, uma Asuri, era a mãe
de muitos Asuras que foram vencidos por Indra e, magoada, ela montou um plano
de vingança. Ela propiciou o sábio (Rshi) Kashyapa para que tivesse um filho
que se tornaria o destruidor de Indra. Então, após muitas disciplinas
espirituais (Tapasya) ela engravidou ...... Entretanto ela foi negligente em
suas purificações prévias e, aproveitando-se desta falha, Indra obteve acesso
ao seu ventre e lá desalojou o futuro filho e o transformou nos 49 Maruts que
tornaram-se seus assistentes.” Ou seja, o resultado obtido por Diti foi o oposto
daquele que foi desejado devido à sua desatenção nas purificações necessárias.
A correção de
eventuais falhas rituais é feita através de um procedimento chamado “Prayashchitta”
(“expiação”). Nele o devoto vai ao principal fundamento de uma prática, à
própria raiz dela, e lá tenta corrigir eventuais falhas. Um exemplo muitíssimo comum,
embora pouco compreendido pode ilustrar essa prática: no rito de AgniHotra o
adepto recita dois Mantras – para Surya durante o dia ou para Agni Deva durante
a noite e após estes Mantras ele oferece uma oblação de ghee à Prajapati. Esta
oblação é um Prayashchitta feito para superar eventuais falhas na oblação
anterior (à Surya Deva ou à Agni Deva). Mas ...... Por que ? Prajapati foi quem
estabeleceu todos os Yajñas, todos os ritos, inclusive o AgniHotra, e a oblação
feita à ele é uma generosa lembrança para agradece-lo pelo privilégio de
participar diretamente na obra da criação. O conhecimento adequado (Jñana)
associado a vontade sincera (Iccha) e a ação que os reafirma (Kriya) geram os
méritos que purificam todo o AgniHotra através do Mantra e oblação de Prajapati.
A prática do
Prayashchitta tem uma expressão muito comum que é a recitação do Kshamapana, a
obtenção da competência. Esta recitação pode ser tão complexa quanto um hino
(Stotra) ou tão simples quanto um pequeno verso (Shloka). Para o devoto
dualista está prática é vista como um “pedido de perdão à Divindade” pelos
eventuais erros, para o adepto não-dualista (Advaita) ela é vista como a
reflexão de que todos os aspectos relevantes de sua ação não puderam ser
deixados explícitos, ou por falta de tempo, de recursos ou de conhecimento.
Mas, em ambas as perspectivas a prática é idêntica. Esta é mais uma bela característica
do Dharma – embora sob perspectivas diferentes todos se envolvem nas mesmas
ações. Jaya Maa.
Um comentário:
Obrigada por transmitir tamanho conhecimento. Namaste! Jaya Maa
Postar um comentário