अभिचार रक्षण
Abhichāra Rakṣaṇa
Namaste
amigos,
O texto
abaixo é escrito, em alguns trechos, numa linguagem deliberadamente simbólica
de forma à preservar a autenticidade da narrativa e garantir a preservação
deste conhecimento entre os Sadhakas iniciados nesta tradição. Gostaria de
contar com a compreensão do leitor sobre este aspecto. Jaya Ma !
Entre
vários circulos misticos e esotéricos contemporâneos há a preocupação com
aquilo que se convencionou chamar de “proteção espiritual”, “defesa psiquica”
ou “batalha espiritual” que, em geral, se entende como a neutralização de malefícios
ou pensamentos destrutivos dirigidos à uma pessoa ou grupo. Estas práticas de
enviar energias / pensamentos / entidades beligerantes para prejudicar
terceiros é conhecida em Sânscrito como Abhichara, e pode assumir vários
aspectos como a dominação / encantamento (Vaśyakara), a divisão / separação (Vidveṣa), a destruição (Ucchāṭana)
entre outros.
Históricamente
várias práticas foram adotadas em diferentes sociedades para obter esta
proteção e nosso foco neste pequeno texto é abordar o tema sob a ótica do Kaula
Tantra. Para isto nossa maior referência será a escritura “Chandi Path” que é
geralmente recitada por vários grupos Tantrikos. Nela encontramos as narrativas
das batalhas travadas entre os Deuses (Devas) e os Asuras (forças da dualidade)
e comentaremos sobre algumas estratégias de defesa adotadas pelos envolvidos.
Nos
Tantras se afirma que os Deuses estavam permanentemente protegidos através do
consumo constante do “Amrta”, o elixir ou néctar da imortalidade. Os Siddhas
(homens realizados) e Rshis (reveladores das escrituras) protegiam à si-mesmos
através das Sadhanas, ou seja, da prática constante de disciplinas espirituais.
Enquanto os Asuras, as forças da dualidade, se protegiam através do uso de amuletos
e rituais ocasionais. Observamos que cada grupo se protege conforme a sua
própria natureza e de acordo com suas afinidades. Todos eles obtiveram vitórias
num momento ou em outro conforme os ciclos das quatro Eras (os quatro Yugas) iam
se revezando. Contudo a grande vitória sempre coube aos Deuses.
Os Asuras
obtiveram incriveis vitórias através da sua habilidade na magia, das suas espetaculares
austeridades onde todo o foco da vontade era dirigido para a obtenção de
Siddhis (poderes psiquicos) e do conhecimento dos elementos necessários para realizar
rituais eficazes. A arte de produzir poderosos amuletos era dominada pelos
Asuras. Entretanto a ideologia dominante entre eles era de dualidade, ou seja,
entre eles, o verdadeiro foco do Poder não estava no próprio Ser (Atma) mas sim
em um objeto, momento ou ação externa. Este era o ponto fraco que os levou à
repetidas derrotas nos momentos finais.
Os Siddhas,
que eram homens realizados, usufruiam de considerável proteção originada de
suas disciplinas espirituais que eram estimuladas por sua devoção exemplar aos
Deuses. Apesar de não estarem diretamente envolvidos nas batalhas que ocorriam
nos planos espirituais, eles não eram prejudicados devido à sua constante
prática de Mantras, execução de Nyasas (toques sacralizadores sobre o corpo) e recitação
de Kavachas (hinos de proteção) e escrituras.
Os Deuses
desenvolviam várias estratégias conforme a ocasião, entretanto na narrativa do
Chandi Path fica claro que nos momentos dos maiores conflitos, quando a própria
ordem e manutenção do Universo é ameaçada, a presença de Shakti, da Deusa é
indispensável para a efetiva defesa dos Deuses e sua consequente vitória. O Amrta,
o resultado alquimico da união das forças criadoras do Universo, só pode ser
obtido com a presença da Deusa. Este é o Kula-Amrta o néctar sagrado dos
Kaulas, revelado à estes pelo próprio Shiva Bhairava.
Tendo
compreendido a ideologia por trás de cada metodologia de proteção o homem comum
pode, num primeiro momento, empreender a ação que considera mais adequada. Caso
os resultados demonstrem que ele não foi “Adhikari”, ou seja, competente para
obter o sucesso esperado, seria aconselhável buscar a ajuda de alguém melhor
preparado para o esforço necessário. As diferentes metodologias (de Asuras, Siddhas
ou Devas) não são necessariamente superiores umas às outras, elas indicam na
verdade um plano de ação que será mais ou menos eficaz dependendo daquele que o
aplica.
Na
categoria de amuletos estão os vários objetos ou jóias abençoados para este
fim, estão também as imagens de Divindades que, entretanto, deveriam ser
adequadamente consagradas. A crença de que um objeto teria algum valor apenas
por causa da fé do adorador ou, até mesmo aqueles objetos que tecebem culto
eventual (não me refiro aqui à adoração diária – Nitya Karma), como
assentamentos ou imagens estaria nesta primeira categoria. Também estariam aqui
os ritos feitos apenas com este objetivo quer sejam oferendas simples ou cerimonias
mais complexas.
A
Sadhanas, disciplinas espirituais, deveriam ser a primeira escolha daqueles que
foram iniciados. A simples recitação de Mantras é o processo mais simples porém
a recitação de Kavachas é mais apropriada e eficaz neste caso que estamos
comentando. O uso frequente do Kali Kavacha ou do completíssimo DevyaH Kavacham
é especialmente recomendado. Os Nyasas feitos antes do banho ritual (Tantrika
Snanam) ou da Puja são igualmente importantes. A constante adoração do Yantra
que representa a Mandala pessoal do Sadhaka também é muito eficaz, nesta
adoração não é apenas a Deidade pessoal que é adorada mas sim toda a corte
celestial que a acompanha. O Chandi Yantra (mostrado acima) é uma excelente escolha neste
sentido. A busca pelo elixir e seu uso
responsável cabe ao iniciado Kaula.
Jaya Ma !
असुराः रत्नैः रक्षन्तषयः साधनैः रक्षन्ते ।
देवाः कुलामृतेन च रक्षन्तयिति रक्षणः ॥
asurāḥ
ratnaiḥ rakṣantaṣayaḥ sādhanaiḥ rakṣante
|
devāḥ kulāmṛtena
ca rakṣantayiti rakṣaṇaḥ ||
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