quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A espiritualidade não é uma fantasia


 A palavra "Dharma" pode ser entendida como um estilo de vida harmonioso que propicia a realização de cada ser humano.

Por exemplo, um sacerdote deve ter uma rotina adequada para manter-se em condição de executar seus deveres - a realização de ritos eficazes. Da mesma forma um sargento ou soldado devem ter uma rotina que lhes mantenham aptos à entrar em ação no momento oportuno para cumprir seus deveres.

Entretanto a rotina do sacerdote não propiciará o trabalho do soldado e nem a deste manterá o Força Espiritual (Shakti) necessária à ação religiosa. Cada rotina deve ser equilibrada e consistente para fomentar a realização do objetivo que visa atingir.

Mesmo entre diferentes denominações religiosas este critério simples e óbvio é observável. Um Vaishnava mantém uma rotina própria para adorar as belas formas de Vishnu. Já um Brahmane Smarta seguirá as orientações de sua tradição para realizar seus ritos.

Mesmo entre linhagens similares há peculiaridades marcantes. Por exemplo, um devoto Shivaista terá um cotidiano muitissimo diferente de um Aghori embora ambos reconheçam no Senhor Shiva a mais elevada forma da Divindade.

Para ser um Aghori não basta se fantasiar com uma roupinha preta e fazer cara de mauzinho. Ser um Aghori é algo muito mais profundo do que uma simples apreciação estética superficial. Há disciplinas espirituais ali que são completamente incompativeis com quaisquer outras tradições, sejam elas Vaishnavas ou até mesmo Shivaistas. Não se pode ser um Aghori à noite e acordar pela manhã alegando ser vegetariano e puro para a adoração das fomas mais belas da Divindade. Isso seria esquizofrenia e não espiritualidade.

A Sadhana das formas iradas da Divindade (Bhaya Rupa) é bem diversa da Sadhana das fomas pacificas (SuRupa). Para viver uma vida espiritual é necessário abrir mão das nossas próprias fantasias e devaneios e mergulhar fundo na realidade do Ser.

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