Há estudos
da atuação de Forças Espirituais (Shakti) como os Tantras, aqueles relacionados
as ciências materiais como a eletricidade e até mesmo o estudo de “técnicas de
sedução” que prometem conquistar o coração da mulher amada. Estes estudos são
coroados pelas atividades práticas relacionadas a eles – o Tantra só é efetivo
através da prática das suas disciplinas espirituais (Sadhana), o estudo da
eletricidade é útil para iluminar e abastecer casas e industrias, as “técnicas
de sedução” só são válidas para se estar ao lado da pessoa amada.
No uso de
forças materiais as pessoas com bom senso entendem as regras envolvidas com
bastante clareza, talvez porque uma eventual falha seja visivelmente
identificável. No uso de técnicas emocionais, como aquelas do sedutor de nosso
exemplo, um desleixo pode não se mostrar óbvio a principio mas seus efeitos
podem desgastar um relacionamento ao longo do tempo. Já no caso dos ritos e práticas
espirituais o descuido pode levar algum tempo para se manifestar no plano físico
e, quando o faz, normalmente não se pode estabelecer uma relação entre ele e os
seus resultados com clareza. Como tendência geral podemos observar que quanto
mais sutis as forças envolvidas maior é a incidência de descuido devido ao
despreparo. Há uma certa irreverência pelo assunto e uma atitude fantasiosa de “tanto
faz”.
Imaginemos
se o eletricista abdicar de todos os cuidados de isolamento e correta
instalação elétrica, por ter fé na sua apostila de eletricidade – o choque virá,
não importa o tamanho de sua fé no livro .... Imaginemos o homem apaixonado que
não cativa e não cuida de sua amada porque acredita que “só o seu amor já basta”
– ele terminará sozinho por não saber expressar-se, apesar de acreditar ter
muito amor ..... Tanto a “fé” quanto o “amor” são aspectos de Iccha Shakti, a
Força Espiritual da Vontade. Esta Shakti é somente uma dentre aquelas
envolvidas no sucesso (Siddhi) de uma ação humana. As outras são Jñana Shakti,
a Força Espiritual do Conhecimento e Kriya Shakti, a Força Espiritual da Ação.
O choque
elétrico e a decepção amorosa nos ensinam que algo tem de ser mudado. Que
alguma coisa não “funcionou” a contento. Porém essa capacidade natural de
aprender através da experiência é ofuscada por uma ferrenha negação no caso do
uso irreverente e inapropriado de forças espirituais. O individuo cegado pelo
ego e abastecido com os clichês da vida moderna, que desconhecem o uso de
forças espirituais, diz: “Essas coisas não me atingem”, “Sou abençoado”, “Meu
deus é o maior” ...... Uma breve observação das condições de vida desses
elementos, em geral, já é suficiente para derrubar todas essas fantasias. Negar um problema não faz com que ele deixe de existir.
Ao lidar
com forças espirituais devemos ser tão objetivos quanto seriamos ao lidar com
forças físicas perceptíveis e tomar os cuidados necessários. A Magia dos
Tantras é uma força maravilhosa mas não é uma força cega e nem está sujeita aos
caprichos de nossas crenças. Praticar as disciplinas espirituais (Sadhanas) dos
Tantras é descrito naqueles textos como “caminhar no fio de uma espada” ou
ainda como “cavalgar um tigre” ,ou seja, não devemos nos render a irreverência e
ao descuido. Essas disciplinas são certamente prazerosas e agradáveis mas isso
não justifica um descaso com o jeito certo de fazer as coisas da mesma forma
que dirigir por uma bela estrada pode ser um prazer mas não deveríamos andar na
contramão !
Há muitos
riscos envolvidos na prática de ritos inventados que pegam um pedaço de cada
tradição e misturam tudo, da mesma forma que uma costureira pobre pega retalhos
de qualquer tipo e tenta fazer um cobertor. Em algum momento o abrigo se rasgará,
no trecho mais frágil ...... revelando a precariedade de toda a estrutura. No
caso da freqüência de práticas inadequadas há riscos de: alucinações hipnagógicas
(causadas por Bhutas), obsessão por entidades mal-intencionadas, má sorte freqüente
(causada pela soma de deméritos acumulados e intervenção de seres maliciosos), distúrbios
comportamentais e outros.
As medidas
de profilaxia a estes males incluem: recitação do Mantra que lhe foi
transmitido; presenciar a execução de ritos regulares, ou seja, ir a Puja, à
missa ou qualquer cerimônia tradicional onde a ordem cósmica seja evocada; realizar
uma prática regular (diária ou semanal) de limpeza espiritual; manter um local (altar)
onde oferendas de gratidão sejam apresentadas. Em situações incomuns onde haja
uma sensação antagônica ou de opressão um sacerdote deve ser procurado e o
problema deve ser escalonado até uma esfera onde possa ser resolvido através de
medidas mais intensas.
Que Mãe
Kali nos abençoe.
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