domingo, 10 de fevereiro de 2019

Puja e os cinco sentidos


Devota realiza Puja com essência, flores, incenso, lamparinas e alimentos. (Panchopachara Puja)



Namaste amigos,

Para viver o Dharma, ou seja, usufruir de seus frutos em nossas vidas devemos praticá-lo. Não é apenas a leitura de textos que demonstra a nossa gratidão as Deidades. È a prática devidamente orientada que traz à vida as divinas opulências e abre nossos corações à Força Espiritual da Divindade.

“... nos fez também capazes de ser sacerdotes de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito, porque a letra mata e o espírito vivifica.”
São Paulo, em sua carta aos Gregos da cidade de Corinto.
II Coríntios, III, verso 6.

A Guru Shree Maa do Templo Devi Mandir afirma: “Cada casa é um Templo e os seus ocupantes são os sacerdotes”.

Ora, a primeira pergunta que nos vem à mente é: “O que fazem os sacerdotes ?”, “Será que eles passam os dias apenas lendo livros ?”. De forma alguma ! Os sacerdotes praticam suas disciplinas espirituais, suas Sadhanas para concentrar a sua Força Espiritual, a sua Shakti.  Então, fazem os rituais externos (Bahya Puja) que expandem a Shakti acumulada e inundam o mundo com suas bênçãos. Seguir o Dharma é estar espiritualmente vivo, ou seja, concentrar e expandir, como o fazem todos os organismos vivos.


Ler repetidamente um mesmo livro não gera nenhum fruto se não houver prática.


O Dharma é um estilo de vida baseado numa lógica muito profunda que leva em consideração vários elementos sutis que não são normalmente percebidos pela maioria dos homens. Para praticar adequadamente o Dharma devemos superar superstições e crendices muito comuns como aquela que alega que a Divindade não poderia ser adorada através de suas Divinas representações, suas Murtis.

“Da mesma forma que o leite é produzido através de elementos do corpo inteiro de uma vaca porém só é extraído através de suas tetas, o Supremo Atman, apesar de omnipresente, só se manifesta através das representações da Divindade, ou seja, das suas Murtis.”
Mantra Yoga Samhita

Os vícios de caráter também devem ser superados para ter uma vida harmoniosa e uma espiritualidade sadia. A avareza, por exemplo, alimenta a crendice de que a adoração insípida seria agradável à Divindade pois ali não há custos e nenhum dinheiro é gasto. Adoração insípida é aquela onde não há nenhuma gratidão pela opulência recebida, é aquela onde o devoto se apresenta de mãos vazias esquecendo-se de que tudo o que existe veio da Divina Mãe do Universo. Ali não há lamparinas (ou velas), não há incenso, não há alimentos ...... não há nada além de soberba e encenação.

“o jesus saiu e ocultou-se deles ...”. verso 36
“Cegou os seus olhos e endureceu seus corações, de modo que não enxergam com os olhos e não entendem com o coração”. verso 40
Evangelho do apóstolo São João XII.

As opulências da Divindade são percebidas através do auxilio dos nossos sentidos. É a nossa visão encantada pelo brilho dourado da lamparina que nos lembra da Divindade. É o nosso olfato embriagado pelo aroma do incenso que nos lembra que a Divindade está em todos os lugares. É o nosso paladar saudoso dos sabores esplendidos das frutas e alimentos sobre o altar que nos remete à alegria de saber que a divindade está sempre próxima à nós. O altar vazio cega os olhos, entope nossas narinas e corta nossas línguas nos tornando mortos-vivos incapazes de entender que a Divindade está em todos os lugares.


Cena de filme: morto-vivo ajoelhado mas nada muda ao seu redor. 

Antes de qualquer disciplina espiritual, de qualquer Sadhana, consagre aquele momento para que se torne um momento especial. Algumas dicas podem ajudar bastante. Todas estas podem ser acompanhados de Mantras específicos usados nestas ocasiões, estes Mantras podem ser aprendidos direto de seus Gurus.

1. Tome um banho antes de começar. Mesmo uma simples recitação de Mantras adquire uma nova energia com um banho prévio. Caso um banho não seja oportuno, lavar o rosto é aconselhável.
2. Logo no começo de sua disciplina acenda uma lamparina de ghee, de óleo ou uma vela. Faça isso mesmo em rituais feitos durante o dia. Tenha também uma vareta acesa de um incenso de boa qualidade.
3. A presença de algum alimento no local onde se recita Mantras é sempre muito auspiciosa. A maneira mais simples de fazê-lo é ter uma pequena bandeja de frutas, ou até mesmo apenas uma fruta. Há regras especiais para a presença de alimentos cozidos no altar, caso não conheça esses detalhes é melhor deixar este procedimento para quando estiver mais experiente. Ao final da prática pode consumir os alimentos ou distribuí-los entre aqueles que lhe são queridos.

Jaya Maa.


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