terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O Guru, o irmão mais velho



No pensamento de uma pequena criança basta colocar um quepe de marinheiro e ..... pronto ! Ele já é o capitão do navio. É o pai do pequenino sonhador que pode orientá-lo como as coisas funcionam no mundo real e motivá-lo na disciplina e dedicação que necessitará para atingir esta nobre meta.

No pensamento de uma pequena criança um cãozinho Poodle pode ser visto como um perigoso monstro. Mas é o carinho de um irmão mais velho que pode esclarecer que o animalzinho não oferece risco e que pode ser um bom amigo.

É uma benção poder contar com um pai carinhoso ou com a experiência de um irmão mais velho pois a ignorância, a superficialidade e a fantasia podem nos custar anos de confusão e padecimento desnecessários.

Nas tradições Tantricas esse irmão mais velho pode ser encontrado na pessoa do Guru que vivenciou o cotidiano e as disciplinas espirituais que atraem nossos corações e que portanto pode, de forma firme e responsável, orientar o caminho à seguir. Sem a presença deste carinhoso irmão o que temos são apenas cegos tentando guiar outros cegos.

Conhecer um novo caminho espiritual, um outro Dharma, é uma tarefa que não pode ser feita de forma instantânea com a simples leitura de um texto na internet (heresia da Sola Scriptura). Toda produção literária apresenta sutilezas que só podem ser devidamente apreciadas por aqueles que estão familiarizados com o contexto histórico e social aonde foram produzidas.

Confiar apenas nas próprias experiências pessoais ou na “intuição” pode nos deixar na posição do garotinho apavorado com o Poodle ou daquele que tem medo da palavra “Bicho-Papão”, criatura terrível que ele não conhece mas que deve ser muito ruinzinha ...... O adulto com medo da palavra “Guru” enfrenta essa mesma sensação originada de sua ignorância e de um temor infantil.

Sem o respeito por aquilo que nos é novo e que desejamos conhecer somos levados a conclusões apressadas e superficiais baseadas apenas naquilo que já vimos antes. Corremos então o risco de nos tornar apenas um paródia, uma imitação barata, da espiritualidade que tanto apreciamos e que gostaríamos de nos aprofundar. Por soberba, afastamos de nós a valiosa oportunidade de aprender junto aqueles que trilharam o caminho antes de nós e seguimos alegremente com nossos chapeuzinhos de marinheiros achando que somos capitães .......

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